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Para poder realizar todo este sonho, várias pessoas se cruzaram no meu caminho, e que nunca desistiram de mim são elas os nossos formadores, que estão sempre disponíveis para nos tirar dúvidas, mas tenho que fazer uma agradecimento muito especial à Dra. Rita Miranda, Técnica de ORVC que, mesmo quando eu já estava prestes a desistir, nunca deixou que eu o fizesse, mesmo quando eu muitas vezes falhava. Muito obrigada por tudo.  

Falar de nós nunca é fácil, porque receamos sempre ser julgados pelos demais. Está na cultura do nosso povo julgar o próximo, somos julgados em coisas tão simples como a forma de vestir, a forma de falar e por vezes, até os nossos hábitos são escortinados e julgados.

Aquilo que me proponho é realizar um sonho adiado há muito tempo, completar a minha escolaridade ao nível do secundário. Para isso, muitas etapas vou ultrapassar com a certeza de chegar ao fim de um sonho e acordar com ele realizado.

Quando me falaram que uma autobiografia teria no mínimo quinze páginas assustei-me e pensei para comigo, não vivi tanto ainda para escrever sobre mim quinze páginas, mas ao fim de refletir naquilo que é uma autobiografia, chego à conclusão que essas quinze páginas não vão chegar para vos dar a conhecer um pouco do meu “eu”.

Mas falar de mim é forçosamente falar de um conjunto de pessoas que se cruzaram nos caminhos da minha vida e que me foram inspirando ou ensinando através da experiência o que é a vivência do dia-a-dia da nossa vida. As pessoas que connosco se cruzam deixam-nos marcas, algumas boas, outras menos boas, mas todas nos deixam momentos de grande aprendizagem, e certamente eu não seria a pessoa que hoje sou se não tivesse percorrido este caminho a que chamo aprendizagem de vida!

A todas aquelas pessoas que se cruzaram comigo e deixaram marcas, agradeço do fundo do coração todas as aprendizagens. A todos os meus superiores e a todos os meus subordinados o meu agradecimento por me ajudarem a escrever as páginas da minha vida. À minha família, esposa e filha, um agradecimento profundo, pois vós sois o testemunho vivo, daquilo que a vida me ensinou e sois os meus maiores mestres neste caminho que caminhamos juntos desde a minha existência nas vossas vidas. Sei que a minha ausência rouba de vós o meu convívio, mas jamais rouba o meu pensamento, e por isso dedico-vos estas páginas da minha vida, como sinal de agradecimento e para vos fazer sentir o quão importante são para mim. Amo-vos!  

Aos meus irmãos, mesmo longe e distantes uns dos outros, pois a vida faz de nós emigrantes e imigrantes à força, criou em nós distâncias temporais e físicas, mas mesmo vivendo em países diferentes, temos um elo de ligação forte - a terra onde nascemos e as lembranças da nossa infância. Ao longe abraço-vos, pois vós também sois páginas da minha vida!

A vida difícil e a falta de recursos da aldeia de onde somos naturais fez com que os meus irmãos emigrassem para países como a França e a Inglaterra, em busca de melhores oportunidades de vida, como a educação para os filhos e melhores condições de trabalho. A maior dificuldade inicial deles foi, sem dúvida, a barreira linguística, no início não foi fácil embora eles tivessem tido francês e inglês na escola, foi uma ajuda para, no início, começarem a comunicar, mas foram aprendendo com outras pessoas ouvindo falar e foram treinando a língua e hoje, passados alguns anos, foi completamente ultrapassada, facilmente comunicam com os meus sobrinhos na língua do país de acolhimento. Os motivos de imigração dos meus irmãos foram de origem económica, foram em busca de melhor salário e trabalhos menos pesados e também uma melhor assistência social, hoje as migrações estão muito mais facilitadas ao nível do transporte, no caso dos meus irmãos foi utilizado o automóvel como meio de transporte, mas em muitos casos ainda é feita a pé. Mas nem todos os indivíduos migram pelos mesmos motivos, sendo que um dos principais é a motivação política devido às mudanças de políticas dos governos de origem o que gera perseguições políticas, do que é exemplo a Venezuela onde os indivíduos são reprimidos pelo sistema, e também, devido ao tipo de governação do país, escasseiam alimentos, medicamentos, etc.

A situação política da Venezuela e a guerra civil na Síria são dois grandes geradores de migrações ilegais, onde constantemente são violados os direitos fundamentais do Homem, como o direito à liberdade e à segurança pessoal. Há histórias que nos contam que na Venezuela e na Síria não existe este direito fundamental, em que as pessoas, certamente, não teriam um final digno se lá permanecessem e que agora, como imigrantes, mesmo enfrentando condições adversas, podem seguir em frente com esperança. Todos os que imigraram conseguiram superar essas violações porque a própria Declaração, no seu artigo 13º, parágrafo 2, prevê a todos "o direito de abandonar o país em que se encontravam, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país". Na minha situação de militante de um partido político que defende de forma intransigente o cumprimento dos direitos fundamentais do homem, sempre que posso e tomo a palavra, defendo constantemente o direito à liberdade de expressão.